sexta-feira, 21 de maio de 2010

Marcelo Knobel pondera sobre os rumos da divulgação científica na internet

A divulgação científica na WEB será tema de mesa-redonda na VIII Escola do CBPF

Já faz um bom tempo que a internet tem se mostrado uma importante ferramenta de trabalho. Se em muitas profissões ela ampliou possibilidades, outras não existiriam se não fosse a WEB. É o caso de quem trabalha em portais de notícias e lojas virtuais, por exemplo. O mundo on-line também abriu espaço para que as pessoas pudessem expor suas opiniões e crenças para o mundo ou, ao contrário explorar novas identidades e perfis em sites de relacionamento, blogs sobre os mais variados temas e plataformas de vídeos e fotos. É possível estar na rede hoje com mais de duas mil palavras ou com menos de 140 caracteres, passando adiante (“tweetando”) uma informação...

Nesse mundo virtual em que todos disputam o reconhecimento de outros internautas, desponta a figura do blogueiro. Ser blogueiro é hoje quase uma profissão - de fato, alguns inclusive retiram o sustento do patrocínio recebido pelo blog. De acordo com os dados de 2007 do Global Digital Living, são criados cerca de 2 blogs no mundo por segundo (2007 Park Associates). Segundo dados da Technorati, 2 milhões dos blogs ativos no mundo estão no Brasil.

Na blogosfera, a ciência é tema recorrente. Exemplo disso é a plataforma ScienceBlogs, a maior rede de blogs de Ciências do mundo, que no início de 2009 contava com mais de 70 blogs em inglês. Atualmente, 24 blogs brasileiros integram o ScienceBlogs Brasil. Essa grande e turbulenta circulação de de informação levanta uma questão sobre a autoridade de quem apresenta o material, principalmente quando se trata de conhecimento científico.

Foi pensando na importância dessa discussão que a organização da VIII escola do CBPF convidou os blogueiros Fernanda Poletto (Bala Mágica), farmacêutica e doutoranda em química pela UFRGS, Dulcidio Braz Júnior (Física na Veia!), professor de física no Colégio Anglo, e Leandro Tessler (Cultura Científica), físico e professor da UNICAMP, para a mesa-redonda "A prática da divulgação científica e as novas mídias sociais", que será mediada pelo professor Marcelo Knobel, da UNICAMP, no dia 20 de julho, durante a Escola, no CBPF.

Sobre o tema, Marcelo Knobel, que esteve no Rio para o lançamento do livro Einstein: muito além da Relatividade, falou para o Blog da Escola do CBPF sobre  a importância da internet para a divulgação científica, alertando, no entanto, para a necessidade de filtrar o que está disponível na rede. "Ainda há muito a ser explorado na internet, mas sempre com um pé atrás", afirma. Confira o depoimento completo do professor. Clique aqui.

"Hoje em dia, com a internet se expandindo cada vez mais, nós temos uma série de possibilidades na divulgação científica. Acho que é uma porta que não foi completamente aberta e um caminho que não foi completamente explorado. Claro que temos aí com as redes sociais, com os blogs, com as diversas mídias que vêm surgindo, uma série de oportunidades. Mas temos também que ser cuidadosos. Porque assim como tem (perigo) na mídia - no jornal, na rádio, na televisão - na internet tem um perigo maior. Qualquer um pode colocar sua opinião, sua ideia do que é ciência, e temos essa 'preocupação' que é validar o que é informação científica verdadeira ou não. O problema principal que existe hoje na internet, é a questão da validação da informação. Como saber se aquilo que a pessoa está defendendo, está pregando, está contestando, é de fato real. Então as novas mídias, como os blogs e as redes sociais tem esse lado duplo. Podem ser muito interessantes porque atingem muita gente, são de fácil e rápida leitura, mas ao mesmo tempo podem ter esse outro lado perigoso, se as pessoas não tiverem cultura científica suficiente pra poder pensar criticamente e saber que cada informação que é colocada tem um porquê, tem um grupo de interesse, tem um viés, tem algum motivo para que aquilo aconteça. Então é um caminho tortuoso. E até perigoso. Acredito que é muito interessante, ainda há muito a ser explorado, mas sempre com um pé atrás. Porque realmente, como em todos os lugares, aparecem oportunistas, aparecem pessoas que usam da validade da informação científica para outros fins. Querem carimbar uma informação com um rótulo científico, sem necessariamente ser." 




Um comentário:

  1. Parabéns pela iniciativa do CBPF. Sou doutorando do programa de pós-graduação em Ciência da Informação pelo convênio UFRJ/IBICT e desenvolvo uma tese cujo título provisório é "Divulgação científica mediada por redes sociais no ciberespaço". Com certeza este encontro terá enorme importância nas minhas pesquisas.

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