terça-feira, 31 de agosto de 2010

Magnetorrecepção em insetos sociais

Minúsculas partículas magnéticas presentes em certas espécies de insetos podem funcionar como sensores para detecção do campo magnético da Terra e orientar o seu deslocamento. Essa é a hipótese de trabalho das biofísicas Darci Motta Esquivel e Eliane Wajnberg, pesquisadoras do CBPF, que estudam os chamados insetos sociais: formigas, abelhas, cupins e vespas.

Orientado pelas pesquisadoras, um estudo concluído há pouco mais de um ano com formigas migratórias da espécie Pachycondyla marginata revelou que esses insetos carregam um possível magnetorreceptor em sua antena  - que são os materiais magnéticos aí presentes que podem ser utilizados na orientação desses animais, como por exemplo durante a migração orientada de 13 graus em relação ao eixo geomagnético norte-sul .

A magnetorreceptação em insetos sociais é o tema do depoimento das pesquisadoras Darci e Eliane, que falam sobre seu campo de pesquisa e sobre a importância e potenciais aplicações desse fenômeno. Confira!


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Cosmologia: uma mudança radical no modo de fazer física

A origem da vida, o surgimento do universo e as viagens no tempo estão entre as instigantes questões trazidas pela Cosmologia, cujas promessas de  respostas apelam intensamente para a  curiosidade do público.

Para o professor Mário Novello, para quem a Cosmologia  “tem produzido uma mudança radical no modo de fazer física”, as novidades científicas nesse campo podem ser muito mais sedutoras que algumas das fantasias e mitos que excitam a imaginação das pessoas e que a mídia ajuda a criar. A principal dessas novidades é a mudança do modelo padrão que explica a origem do universo. “Identificar o começo do universo com esse momento da explosão primordial, o Big Bang, não é racional”, diz Novello, que defende a teoria cosmológica do universo eterno, assunto de seu curso de pós-graduação na VIII Escola do CBPF e também de seu último livro, " Do Big Bang ao Universo Eterno", lançado em maio pela Zahar.

A teoria do universo eterno, seus argumentos e suas relações com outras teses e perspectivas cosmológicas estão entre os temas abordados pelo cientista Mário Novello, do Instituto de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica do CBPF (ICRA/CBPF) na entrevista concedida à doutoranda Josephine Rua. Confira!





Em tempo: Entre os dias 30 de agosto e 11 de setembro será realizada a XIV Brazilian School of Cosmology and Gravitation, em Mangaratiba, no Rio de Janeiro. O evento, organizado pelo Instituto de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica (ICRA) do CBPF e com o  apoio da ICRANet, rede internacional de institutos de Relatividade e Astrofísica, é um dos mais importantes da área e acontece a cada dois anos, desde 1978.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Perspectivas da física de partículas no Brasil: Enrique Arias entrevista o pesquisador João dos Anjos

"A Física no Brasil nasceu com a física de partículas elementares". É dessa maneira que o físico João dos Anjos começa a contar a história dos primeiros avanços do país nesse campo, ainda na década de 1940. A história prossegue com os desafios  envolvendo a construção dos primeiros grandes aceleradores de partículas, já na década de 1960, e com a "internacionalização" da física de partículas, na década de 1980, marcada pela entrada do Brasil no cenário dos consórcios liderados pelos grandes laboratórios do Fermilab e do CERN.

Hoje, além do ampliação da participação brasileira nos experimentos do LHC, sediado no CERN e em cujos detectores já trabalham dezenas de pesquisadores brasileiros, novas oportunidades de pesquisa têm sido abertas na área de física de neutrinos. O estudo dessas partículas, cujas propriedades apontam para uma física além do modelo padrão, tem possibilitado a participação brasileira no experimento de oscilação de neutrinos Double Chooz, reator nuclear localizado no norte da França, além de alavancar as pesquisas no reator nuclear Angra 2, utilizado também como fonte de geração de neutrinos.

Conheça a história e as perspectivas da física de partículas no Brasil na visão do pesquisador João dos Anjos, da Coordenação de Física Experimental de Altas Energias do CBPF (LAFEX), na entrevista concedida ao doutorando Enrique Arias.


terça-feira, 17 de agosto de 2010

UFPA debate Nanociência e Nanotecnologia

Na última sexta-feira (13) a VIII Escola do CBPF encerrou suas atividades com a mesa-redonda Nanociência e Nanotecnologia, na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém. Esse evento – o último da Escola – reuniu os professores Ângela Burlamaqui (UFPA), mediadora da mesa, André Pinto e Alexandre Mello (CBPF), que explanaram sobre diversos aspectos do tema.


Na mesa-redonda, André Pinto apresentou o projeto do Laboratório de Nanotecnologia do CBPF (LABNANO), que deve entrar em operação ainda este ano. O novo laboratório, lembra André, deve atender especialmente a grupos de pesquisa atuantes na região Sudeste do país, mas também aos futuros desenvolvimentos em pesquisa já esperados da colaboração do CBPF com a Universidade do Pará. Ainda tendo como foco a colaboração entre as duas instituições, Alexandre Mello apresentou as perspectivas de aplicações e desenvolvimento de pesquisa em diversos campos do conhecimento e setores tecnológicos baseados na escala nano. Potenciais impactos ambientais da nanotecnologia, aplicações da nanotecnologia na Amazônia e políticas de desenvolvimento social esperadas nesse campo estiveram também entre os assuntos discutidos na mesa-redonda.

A edição especial da VIII Escola do CBPF em Belém teve mais de 600 inscritos, que se dividiram entre os cursos de microscopia eletrônica, nanolitografia, materiais nanoestruturados e microscopia de varredura de ponta e eletrodeposição, além de palestras de divulgação científica, ministrados pelos professores do CBPF.

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O Blog da VIII Escola do CBPF continua em atividade. Confira os próximos vídeos: João dos Anjos, Mario Novello e Constantino Tsallis

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Você sabe o que é cromodinâmica quântica?

A cromodinâmica quântica, que estuda a dinâmica entre quarks e gluons, é atualmente a teoria mais aceita para explicar fenômenos de interações fortes, como a liberdade assintótica e o confinamento. Quer entender melhor sobre o que estamos falando? Assista à entrevista do pesquisador Sebastião Alves Dias, da Coordenação de Física Experimental de Altas Energias do CBPF, ao pós-graduando Rodrigo Turcati, doutorando do CBPF, e descubra!


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

VIII Escola do CBPF na UFPA discute Nanociência e Nanotecnologia

Teve início nesta segunda-feira, dia 9 de agosto, a edição especial da VIII Escola do CBPF na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, com foco em Nanociência e Nanotecnologia. A abertura do evento, que contabilizou mais de 600 inscritos, contou com a presença dos professores Luis Carlos Bassalo Crispino, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Física da UFPA; Rubem Sommer, pesquisador do CBPF; e Erick Pedreira, pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional.

Foto: Karol Khaled

A programação integra a VIII Escola do CBPF e esta é  a primeira vez que parte da realização do evento é feita fora da sede da instituição, no Rio de Janeiro. O objetivo é levar para a região amazônica a discussão sobre a Nanociência e a Nanotecnologia, assunto em evidência na comunidade científica do Brasil.



Confira a matéria publicada no site da UFPA sobre o evento. Clique aqui.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Bilhete a um jovem físico

por Francisco Caruso*



Há muitos anos venho notando uma mudança significativa entre os alunos no meio universitário. É cada vez mais frequente ser procurado por estudantes que manifestam o interesse em “ter uma bolsa de iniciação científica”. Nestes casos, invariavelmente, minha resposta é lacônica, limitando-me a dizer que estou sem tempo para novas orientações.
Em algumas poucas ocasiões (poucas mesmo) fui interpelado para saber o que é uma iniciação científica e, assim, tive a oportunidade de tentar compreender melhor os anseios de certos jovens que desejam ser físicos. Entretanto, confesso que apenas um jovem calouro chamado Yuri Bomfim Martins me fez refletir mais seriamente sobre o que eu poderia e deveria lhe dizer que pudesse lhe ser efetivamente útil.
Lembrei-me, então, que entre 1903 e 1908, o grande poeta Rainer Maria Rilke escreveu uma série de cartas ao jovem Franz Kappus, respondendo às inquietações deste jovem que pretendia ser poeta. Tais cartas (apenas as respostas) foram publicadas postumamente, em 1929, e se tornaram um exemplo clássico de conselhos a um jovem que pretenda seguir uma determinada carreira. Eles têm o mérito de antecipar as armadilhas do cotidiano pessoal e de fugir a qualquer pretensão de apontar caminhos que possam ser vitoriosos a priori.
Tal foi a força das ponderações do poeta, que seu livro serviu – e serve até hoje – de motivação para tantos profissionais escreverem livros como Cartas a um jovem cientista, a um jovem psicanalista, a um jovem economista e assim por diante. Confesso que venho resistindo à tentação de ler estes outros textos, pois sempre desconfiei que alguns dos conselhos do próprio Rilke poderiam ser igualmente úteis a um jovem físico, por exemplo, e não gostaria de misturá-los, ainda que inconscientemente, com argumentos de outros autores. Mas em que sentido se justificaria aproveitar conselhos dados originalmente a um jovem poeta para um jovem físico? Bem, em primeiro lugar, podemos nos lembrar de Leonardo da Vinci para quem a Arte jamais significou um mero produto da imaginação subjetiva, mas sim uma atividade verdadeira e indispensável da própria compreensão da realidade. Em particular, a visão artística que Leonardo tinha da Natureza pode ser considerada como um ponto de transição metodologicamente necessário, como aponta Ernest Cassirer, que preparou o caminho para a abstração científica se inserir em uma nova percepção da Natureza a partir de Galileu. Arte e Ciências podem ser entendidas como representações distintas de uma mesma realidade. Além disto, acredito como Gaston Bachelard que há muito em comum no processo criativo tanto nas Artes quanto nas Ciências. Por último, Rilke foi capaz de identificar questões realmente basilares, comuns a todas as profissões. Dito isto, transcrevo a seguir o bilhete que enviei por email a Yuri Bomfim Martins, esperando que ele não se importe em tê-lo tornado público.



Prezado Yuri,


A primeira coisa que chama atenção lendo “Cartas a um jovem poeta” é a recorrência da palavra solidão e de outras com a mesma conotação, que aparecem nada mais, nada menos que 39 vezes em 10 cartas. Muito mais do que caminho para a depressão ou angústia, Rilke a aponta como instrumento indispensável de auto-conhecimento, de encontros. “O senhor olha para fora, e é isso sobretudo que não deveria fazer agora. Ninguém pode aconselhá-lo e ajudá-lo, ninguém”. Voltar-se para si mesmo é o único caminho. Neste ponto da carta, o poeta sugere que o jovem se pergunte se para ele é realmente preciso escrever. Faça isso você também com relação à Física. Pergunte-se se ela é indispensável para você. Se a resposta for afirmativa, construa sua vida pautada nesta necessidade. “Volte-se para a natureza”, diz o poeta, e o mesmo vale para o jovem físico: volte-se para a Physis. Além disto, a solidão é inerente ao processo criativo. Por mais que você discuta e aprenda com colegas e professores, é sozinho que você cria. Dentre todos, talvez esse seja o conselho maior: só você é capaz de descobrir se você precisa criar!

Por outro lado, há coisas mais palpáveis que vamos percebendo com a experiência, que, segundo Woody Allen, é aquilo que adquirimos quando não precisamos mais. Em sua formação, dedique-se durante o curso básico a aprender e admirar as técnicas experimentais, a dominar os métodos matemáticos da Física fazendo um grande números de exercícios e, sobretudo, leia, leia muito. Não apenas sobre sua disciplina. É na prática da leitura que encontrará os instrumentos para aguçar seu espírito crítico. Não deixe de lado a história e a filosofia. Um número expressivo de grandes cientistas tinham uma formação e preocupações humanistas, como Galileu, Schrödinger, Pauli, Einstein e outros. Resista o máximo possível à tentação de fazer iniciação científica antes do quinto período. Por mais atraente que possa parecer, isto lhe tomará tempo precioso de sua formação básica. Sem contar que muitas das vezes vejo o aluno fazendo um trabalho puramente mecânico, sem nenhum proveito real para sua formação.


Sabe Yuri, sempre acreditei na existência de um Zeitgeist, e, infelizmente, o atual não é favorável ao desenvolvimento científico, como posso lhe explicar em outra ocasião. Fazem parte dele, por exemplo, a exacerbada e equivocada valorização do “publish or perish”, do “H-factor”, do “citation index” do “JCR” e assim por diante. Procure resistir a este tipo de pressão calcada em frios indicadores, os quais, na verdade, não foram criados para os objetivos para os quais acabam sendo empregados por muitos de nossos pares. Dedique-se ao tema pelo qual você se apaixone e ao qual acredita que possa dar uma contribuição importante, independente de modismos. Como disse uma vez o italiano Icilio Guareschi, referindo-se ao grande Avogadro, “os grandes méritos de um homem não devem tanto ser medidos pelo valor intrínseco de sua obra, quanto pela influência que tiveram sobre seus contemporâneos e, sobretudo, sobre o futuro da Ciência”. Isto, meu querido Yuri, não é medido em números! Por outro lado, compartilho a visão de nosso saudoso Leite Lopes, que aliás era apaixonado pela poesia de Rilke e frequentemente emocionava-se recitando-a em alemão, quando ele afirmou que “um dia, esse clima de desconfiança e desestímulo vai desaparecer”. Daí você precisar ter plena consciência de suas motivações e de seu desejo de se dedicar a uma profissão para a qual o caminho inicial que você tem pela frente é bastante longo, pois será preciso fazer 4 anos de graduação, 2 ou 3 de mestrado e uns 4 de doutorado. Com sorte, terá ainda mais 2 ou 4 anos de pós-doutorado antes que possa disputar vagas nas instituições de ensino e pesquisa. Assim, sua motivação precisa ser quase inabalável. A vantagem, como disse o próprio Rilke, é que “O senhor é tão jovem, tem diante de si todo começo”... “Alegre-se com seu crescimento, para o qual não pode levar ninguém junto...”.

Meu caro, a tentação de continuar escrevendo é grande, mas isto transformaria a proposta inicial de um bilhete em outra coisa. Quem sabe não continuamos a conversa pessoalmente em outra ocasião? Gostaria, portanto, de encerrar com algumas palavras que Rilke teve o cuidado de inserir em uma de suas cartas: “Se ainda posso acrescentar algo, é o seguinte: não acredite que quem procura consolá-lo vive sem esforço, em meio às palavras simples e tranquilas que às vezes lhe fazem bem. A vida dele tem muita labuta e muita tristeza e permanece muito atrás dessas coisas. Se fosse de outra maneira, nunca teria encontrado aquelas palavras”. Um forte abraço,


Caruso.




* Francisco Caruso é Professor Associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Pesquisador Titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF)
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