terça-feira, 15 de junho de 2010

Martín Makler fala sobre Matéria e Energia Escura

Desde 2007 três institutos de pesquisa vinculados ao MCT – o Observatório Nacional (ON), o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC)  fazem parte do consórcio brasileiro, DES-Brazil, ligado ao Dark Energy Survey (DES). O principal objetivo dessa colaboração internacional é esclarecer um dos maiores mistérios da física contemporânea: a energia escura.

Esse conceito começou a ser estudado com mais profundidade no final da década de 1990, quando cientistas norte-americanos descobriram que o universo se expande cada vez mais rápido. Esse fato forçou uma reavaliação nos modelos cosmológicos aceitos até então, e exigiu a criação de alternativas que explicassem essa aceleração. A mais aceita até agora consiste em supor a existência de uma nova compoente de matéria, chamada energia escura, que seria responsável por mais de 70% da composição do Universo.

A principal atividade do projeto consiste em coletar imagens do universo, para criar um mapa da posição de cerca de 300 milhões de galáxias, além de medir a forma de cada uma dessas galáxias. Esse mapeamento vai ajudar a esclarecer como a energia escura evolui e se distribui no universo, permitindo testar diferentes modelos para tentar identificar a sua natureza física.

Martín Makler, físico do CBPF e integrante do grupo de pesquisa do DES-Brazil falou ao nosso Blog e explicou que uma das questões mais importantes agora é descobrir como a energia escura evolui. "Já sabemos, com uma boa aproximação, a densidade dessa energia no universo hoje. As observações são contundentes nesse sentido, mas precisamos saber como ela evolui. Conhecendo esse dado, podemos descartar uma série de modelos, pois em cada um a evolução acontece de forma diferente".

Outra colaboração lembrada pelo pesquisador é o Sloan Digital Sky Survey - III (SDSS), que completa oficialmente 10 anos este ano e possui agora uma participação brasileira ativa, liderada pelo ON e envolvendo novamente o CBPF e pesquisadores de Universidades brasileiras. “Este é possivelmente o projeto de maior impacto na astronomia até o presente”, afirma Martín Makler.

Confira a entrevista e siga os links recomendados pelo pesquisador.




“Para começar, indico os sites oficiais dos programas de colaboração mencionados aqui:

Dark Energy Survey (DES) – www.darkenergysurvey.org
DES-Brazil – www.des-brazil.org
Sloan Digital Sky Survey - III (SDSS) - www.sdss.org/ e http://www.sdss3.org/

Confira também o site http://www.galaxyzoo.org/, baseado em dados públicos do SDSS. Através dele, cada participante pode ter acesso a imagens reais e, na maioria dos casos, nunca antes analisadas! O usuário é convidado a participar da análise, classificando objetos e dando uma série de inputs que são usados na pesquisa científica com o projeto! Ou seja, é uma forma do cidadão comum ter uma participação direta e relevante na pesquisa de ponta (e não apenas ficar olhando imagens belas).

Há também, no Galaxyzoo, uma seção dedicada às lentes gravitacionais: www.galaxyzoo.org/how_to_take_part#hubble_lenses

O SDSS tem ainda uma página para o público leigo, professores, astrônomos amadores, etc, que está cheia de conteúdo acessível e muita informação de qualidade (e em português!): http://cas.sdss.org/dr7/pt/. Aí também o usuário pode ter acesso aos mesmos dados que os cientistas do projeto utilizam.

Para finalizar, o próprio Google tem o googlesky, que apresenta imagens astronômicas reais de alta qualidade do céu inteiro, o site é www.google.com/intl/pt-BR/sky/ (também na versão em português). Grande parte das imagens que ali estão é do SDSS também.

Vários outros projetos têm surgido por aqui como consequência do DES e do SDSS, em particular com foco em lentes gravitacionais. Em especial, temos o SOAR Gravitational Arc Survey (SOGRAS), coordenado por nosso grupo e que usa tempo brasileiro no telescópio SOAR para fazer imagens de 60 aglomerados de galáxias para buscar arcos gravitacionais. Já observamos 18 aglomerados e encontramos 3 com arcos. Outros 42 devem ser observados ainda este ano, completando o projeto. Há também o Canada-France-Hawaii-Telescope / Megacam - Stripe 82 survey, um projeto conjunto França-Canadá-Brasil para fazer imagens de uma grande região do céu, entre outras coisas para achar arcos gravitacionais. Ele será iniciado no segundo semestre deste ano (o CBPF/ICRA também coordena a parte brasileira do projeto)."

Um comentário:

  1. Parabéns, é bom saber que temos cientistas dentro do país colaborando com a pesquisa desse que na minha opinião é um dos maiores mistérios (e desafios) da cosmologia atual.

    Abs
    raph

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